Mais de 73 mil raparigas foram alcançadas nos últimos dois anos pelo projecto Transform Nutrition em 12 distritos da província de Nampula em actividades de Clubes de Raparigas que Inspiram. O projecto, com duração de cinco anos, é financiado pela USAID e implementado pela ADPP em colaboração com a Aliança Global para Nutrição Melhorada (GAIN), a Universidade Lúrio (UniLúrio), a Associação h2n e Viamo.
O projecto visa essencialmente melhorar o estado nutricional de 260.000 raparigas adolescentes, 118.000 mulheres grávidas e lactantes e 165.000 crianças com menos de 2 anos.
Clubes de Raparigas que inspiram é um conceito adoptado pelo projecto Transform Nutrition em que grupos de raparigas com idades entre os 10 aos 19 aprendem, sob liderança de um mentor, sobre a nutrição, a prevenção de gravidezes indesejadas, boas práticas de higiene e saneamento, desenvolvimento corporal da mulher, a prevenção da anemia e, entre outros temas relevantes.
As sessões dos clubes das raparigas tem uma duração de cinco meses e, findo este período as que tiverem participado em pelo menos 75% das sessões são graduadas e, passam a fazer palestras, preparam peças teatrais educativas, partilham suas experiências para os novos clubes de raparigas. Nestes dois primeiros anos de implementação já foram graduadas um total de 2040 raparigas adolescentes.
Leonardo Roroge, Mentor no projecto, está convicto que o propósito do projecto está a ser bem acolhido pelas raparigas e as suas famílias.
“ Estamos encorajados com as transformações que o projecto está trazer na vida das raparigas e suas famílias. Da interacção que temos estabelecido no dia-a-dia das sessões, estamos a verificar que elas estão a servir de um verdadeiro veículo catalisador para influenciar os seus pais na mudança de atitudes. Elas passaram a jogar um papel importante na família, sobretudo no que diz respeito a adopção de novos modelos de vida”.
“Notamos igualmente que tornou-se comum encontrar uma comunidade inteira com quintais equipados com casas de banho, copas para lavar a louça e uma pequena horta, o que antes era totalmente desconhecido”.
Micaela da Teresa e Ginoca Lucas, 15 e 18 anos respectivamente, são duas irmãs que fazem parte de um clube de raparigas no distrito de Rapale, na vila sede de Rapale. Tanto elas como a sua mãe estão satisfeitas pelos resultados que as sessões estão a trazer para o bem da sua casa.
“Eu e a minha irmã participamos no clube das raparigas com assiduidade, desde a altura em que o projecto iniciou na nossa comunidade. Tanto nós como a nossa mãe estamos satisfeitos pelas mudanças que estão a acontecer na nossa casa e no nosso modo de vida. Antes dos ensinamentos da Mentora o nosso quintal apresentava-se vago, mas já dispomos de uma casa de banho com latrina, uma copa para lavar e secar a louça, temos uma criação de patos e contamos com uma horta que, para além de ajudar a poupar dinheiro está ser útil para equilibrarmos a nossa alimentação e tornarmo-nos bem nutridos. A nossa casa tornou-se um modelo no nosso bairro, toda a vizinha aprecia a disposição do quintal e de tal forma que fazemos a transmissão das experiência obtidas no clube”.
O Clube de Raparigas é uma verdadeira escola para a vida
Laurinda Américo, tem 15 anos de idade, é residente em Rapale sede, na província de Nampula, é membro clube de raparigas no projecto. Aderiu ao grupo através do convite do seu tio que coincidentemente é Mentor no mesmo projecto.
“O clube de raparigas trouxe uma luz na minha vida e da minha família, antes de fazer parte eu era uma simples rapariga que dependia unicamente das instruções que dos meus pais, não contribuía em nenhuma iniciativa para o desenvolvimento das condições da nossa casa. Hoje estou orgulhosa porque sou activa, já consigo ajudar a esclarecer algumas questões que os meus pais desconhecem, como por exemplo, os hábitos alimentares, o que de certo modo permitiu que passássemos a ter um equilíbrio na nossa alimentação, através do investimento na criação de animais, na diversificação de alimentos e ingestão frequente dos mais importantes para a nossa estabilidade nutricional”.
Através do clube das raparigas convenci o meu pai a reactivar a criação de pombos
Angelina Maria, adolescente de apenas 13 anos, foi capaz de convencer o seu pai a reactivar a criação de pombos para variar a alimentação na sua casa e melhorar o seu estado nutricional.
“O meu pai já havia paralisado a criação de pombos há mais de três anos, porém a estrutura do pombal continuava assente no nosso quintal. Porque aprendi no clube de raparigas a necessidade de variar os alimentos, convenci o meu pai a continuar com a criação de pombos. Com a restauração da criação de pombos poupamos dinheiro no nosso dia-a-dia porque apanhamos o caril na nossa própria casa”.