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Projecto Nikhalamo empondera mais de 5.000 raparigas no distrito de Namacurra

2020-04-14

Mais de cinco mil raparigas vulneráveis do distrito de Namacurra, na província da Zambézia, beneficiaram-se desde Abril de 2014 até Março de 2020 de um apoio do projecto de educação da rapariga, denominado Nikhalamo (Vou ficar aqui). O projecto foi implementado pela ADPP em parceria com Girls Child Rights (GCR) e financiado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), e realizou, em Março último, a cerimónia oficial do encerramento de actividades.

Após seis anos da sua implementação, o projecto encerrou com resultados positivos. Face às orientações estabelecidas antes da declaração do decreto presidencial do “Estado de Emergência” em resposta à propagação do COVID-19, a cerimónia de encerramento contou com a participação limitada de apenas cinquenta pessoas, que usaram o momento para celebrar o sucesso alcançado e melhor refletir sobre os desafios para a sua sustentabilidade.

O evento contou com a presença dos vários intervenientes responsáveis pelo andamento do projecto, nomeadamente os oficiais de campo, promotoras de educação, parceiros, lideranças comunitárias, beneficiários, representantes do SDEJT, Chefe do gabinete de Atendimento à Mulher e Criança, Comandante da PRM, directores das 26 escolas envolvidas, e o governo do distrito representado pela S.Excia. Senhora Administradora, Graça Júlio Correia.

O projecto Nikhalamo tinha como foco a retenção de raparigas vulneráveis e órfãs na escola, assegurando a sua conclusão no 2º grau do ensino primário (6ª e 7ª classes) e do 1º ciclo do ensino secundário (8ª,9ª e 10ª classes). Para o efeito o projecto trabalhou em colaboração com os membros das comunidades (lideranças comunitárias, matronas e pais/ encarregados de educação) do distrito de Namacurra para a fácil identificação e acompanhamento das raparigas recrutadas.

O projecto decorreu em 23 escolas primárias e três secundárias abrangendo a um total de 5878 raparigas com idades entre os 10 aos 17 anos, que aprenderam juntamente com 17 Promotoras de Educação e 237 Mentoras, diversas actividades  relacionadas com a saúde sexual reprodutiva, HIV/ SIDA, gravidez precosse, casamentos prematuros e higiene menstrual, com o objectivo de melhorar a qualidade de vida e poderem alcançarem a bons níveis de escolaridade.

Durante a fase da sua implementação, o projecto treinou 76 professores em pedagogias sensíveis ao género e protecção à criança; 260 membros do Conselho de Escola sensibilizados em matéria de género e protecção da criança; distribuiu 2900 pensos reutilizáveis e 1500 descartáveis; 2900 uniformes escolares, 2900 quites de material escolar e 14,172 livros de oitava a décima classes.

Em reconhecimento ao sucesso do projecto na mudança de atitude nas comunidades, Luciano Engolose, Chefe da Localidade de Namacurra Sede, revelou que inicialmente o projecto teve enormes dificuldades para conseguir aceitação dos pais e encarregados de educação, mas a medida que o tempo foi andando a comunidade tomou consciência dos seus objectivos, o que fez com que todos se identificassem com os seus objectivos.

Antes da chegada do projecto a rapariga estava perdida, apenas ocupava-se pelo trabalho na machamba e em cuidar dos seus filhos e o marido. Elas casavam-se cedo, eram estigmatizadas pelos seus maridos e forçadas a fazerem todas as actividades de casa sozinhas. Hoje já existe uma cultura de diálogo no seio das famílias, tornou-se comum a divisão dos trabalhos, as raparigas retornaram a escola e já conseguem alcançar os níveis da sua preferência” – afirmou Luciano Engoloze.

Por sua vez, Tanicha Júlio, uma rapariga com 17 anos de idade que tornou-se beneficiária do projecto aos 12 anos, altura em que acabava de concluir a 6ª classe e sem condições de prosseguir com os seu estudos, agradece ao apoio que recebeu do projecto até a conclusão da 10ª classe. “ Estou bastante satisfeita porque o projecto Nikhalamo apoiou os meus estudos desde a sétima até a décima classe providenciando todo o material escolar necessário, uniforme, pagamento de todas as taxas escolares e formação sobre temas ligados aos casamentos prematuros, gravidezes precoces, HIV e outros assuntos relevantes para uma rapariga”.

Maria Januário, é matrona de educação na comunidade de Malinguíne desde o início do projecto, lamenta o seu fecho mas revelou estar confiante em dar continuidade ao papel que vinha desempenhando porque acredita já ter conhecimento básico e força de vontade para ajudar na retenção da rapariga na escola.

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