A história de Jorge Moreno, revela o impacto do estigma enfrentado ao ser diagnosticado com tuberculose (TB). Ele, um ancião de 60 anos, residente no bairro Liase, distrito de Milange, e pai de sete filhos, é um exemplo de superação da discriminação e rejeição sofridas dentro da própria família, igreja e comunidade.
“Quando a minha família e outras pessoas da comunidade na qual vivo, inclusive alguns membros da igreja, souberam que estava em tratamento de TB, me isolaram e se afastaram de mim, no entanto, isso veio agravar a situação da minha saúde, passei muito tempo triste e preocupado porque não tinha nenhum refúgio chegando a pensar em me mudar do bairro, e, passei a fazer o tratamento de maneira irregular para evitar que mais pessoas me vissem no hospital”. A situação de saúde foi piorando segundo conta o Jorge, os pés começaram a inflamar e outras dores, nem vontade de se alimentar devidamente tinha.
“No seio familiar a relação com minha esposa e meus filhos mudou. Eu fazia as refeições sozinho, e minha esposa começou a dormir em outro sítio. Em meio a essa rejeição, pensei que teria sido melhor não contar a ninguém sobre minha saúde, pois a humilhação foi grandeˮ. Com tempo a atitude da família piorava cada vez mais. Suportei a dor e o isolamento até que um dia conheci o activista de ADPP-Oneimpact numa palestra na unidade sanitária quando ia levantar os meus medicamentos.
Finda a palestra, aproximei-me dele e expliquei-lhe tudo quanto vivia na sociedade e a posterior veio em minha casa no qual trouxe uma abordagem incentivadora para pessoas afectadas com TB falando do OneImpact destacando os direitos humanos, pedi igualmente uma ajuda ao meu líder religioso e comunitário.
Ambos, receberam formação sobre matéria de TB e direitos humanos, estigma e descriminação, juntamente com os activistas do OneImpact, reuniram-se com a família de Jorge, explicando as desvantagens de isolamento do paciente e a importância de acolher pacientes com TB e do apoio familiar, o que foi fundamental para que toda família finalmente entendesse a situação."
Na comunidade e na igreja, Jorge também enfrentou discriminação. “Na igreja, sentava isolado, pois os outros tinham medo de contrair TB. Mas os activistas com o auxílio dos líderes religiosos continuaram divulgando informações sobre direitos de pessoas afectadas pela TB, explicando sobre o apoio social que é essencial para a recuperação.
Graças a essa conscientização, tanto na família quanto na igreja e na comunidade, Jorge foi novamente acolhido e pode, enfim, retomar a vida em normalidade. “Hoje, estamos todos felizes em casa, e, com ajuda dos vários actores, toda a família foi rastreada para tuberculose. A discriminação que sofri não existe mais, e estou em paz na comunidade.”